CATEQUESE E ARTE EM BOSTON – EUA

CATEQUESE E ARTE EM BOSTON – EUA

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FAMÍLIAS SE REÚNEM EM PROGRAMA DE FORMAÇÃO CATEQUÉTICA BASEADO EM ARTES

Por Catherine Brunell (traduzido por Digão Medeiros)
(Matéria em inglês, postada no site Loyola Press. Para ver clique aqui)

Durante os primeiros sete anos, após o nascimento de meu primeiro filho e dos outros que se seguiram, meu marido e eu zanzamos por aí entre paróquias e missas diversas, dependentes dos horários das sestas infantis e do tamanho da prole. Ir a missa, quando conseguíamos ir, era tarefa que simplesmente tentávamos completar (com sorte sem acabar com todo o nosso estoque de cereais ou passas).

Quando o nosso filho mais velho chegou na idade de ser catequizado sabíamos que a estratégia de ficar zanzando por aí não funcionaria mais. Meu marido e eu estudamos em escolas católicas, e queríamos que nosso filho Turner tivesse a mesma experiência que tivemos.

Havia alguns bons programas de catequese nas paróquias da vizinhanças, mas a maioria deles eram baseados aulas expositivas de 45 minutos, onde os pais deixavam as crianças e as vinham buscar na saída. no. Imaginei-me fazendo compras corriqueiras enquanto Turner recebia uma “dose”  rápida de religião. Essa perspectiva sobre experiência de fé dele me deixou inquieta. Nos queríamos uma experiência de fé que convidasse toda a família a participar, algo que se destacasse como único na nossa rotina e fosse diferente da nossa correria diária.

Foi então, nossos amigos nos falaram sobre a experiência de catequese de seus filhos. Um programa baseado em artes para diversas faixas etárias, com a oportunidade de participar de um retiro para toda a família, e com espaços para a discussão entre os adultos. Essa alternativa exigiria de nos uma volta grande de carro, iria atrapalhar os horários das sestas infantis, mas estávamos dispostos a tentar.

Nestes últimos dezoito meses, desde que decidimos registrar nossos filhos no programa de catequese com arte da Paróquia de Santo Inácio de Loyola, nossa família adicionou um elemento essencial numa rotina em que achávamos já não cabia mais nada.

O programa é inspirado em uma série de encontros realizados no Brasil desde a década de 70, para estudantes do ensino médio liderados por um jesuíta paraguaio (Pe. Irala SJ), que usava as artes para aprofundar a experiência de Deus dos participantes. No final de cada encontro, uma série de pinturas, peças de teatro, esculturas e danças surgiram.

Trinta anos depois, Maria Rodrigues, uma participante do programa, começou a frequentar a Paróquia Santo Inácio, em Boston e abordou o Pe. Bob Vereecke, SJ sobre a possibilidade de criar um programa dominical de catequese baseado em sua experiência de encontros de oração pela arte no Brasil.

Com a ajuda de uma equipe de pais, Maria Rodrigues fundou o Programa de Catequese através das Artes. E dezesseis anos depois, o programa está operando no seu limite de capacidade, com 85 crianças do segundo ao sétimo ano, e com alunos do ensino fundamental pedindo para permanecer no programa até o nono ano.

Em cada aula as crianças experimentam Deus e os conceitos básicos da catequese através de experiência com projetos de arte: criando uma peça de teatro, uma dança, compondo ou cantando uma música, fazendo um projeto de fotografia, artes plásticas ou poesia.

Por exemplo, alunos do ensino fundamental lêem a história da ressurreição de Jesus e são convidados a pensar sobre a “pedra que fechou o sepulcro” em suas próprias vidas. O que eles precisam mudar para entrar na vida que Jesus quer para eles? Com esse tema já discutido em grupo, cada aluno esculpe uma imagem de uma pedra. Em grupo os alunos descrevem a “pedra” que esculpiram em termos de, por exemplo, a timidez, a pressão para se destacar em matemática, e a dificuldade em perdoar e ser perdoado.

O Programa com Artes ajuda a tornar a experiência de Deus e da religião um processo alegre e divertido. Ele ajuda as crianças a encontrarem Deus em todas as coisas, e usa a expressão criativa para conectar a criança com a Revelação e a presença contínua de Deus em suas vidas. Ao invés da criança memorizar um fato sobre a história da Igreja ou a história de Jesus, o programa de catequese através das artes as leva a ouvir, sentir, explorar e expressar aquele momento histórico ou conceito teológico como ela o experimenta na realidade concreta do seu dia a dia.

Estamos satisfeitos por nosso filho mais velho estar em um ambiente que acolhe a tolice de um menino de oito anos de idade, enquanto ao mesmo tempo o incentiva a fazer conexões entre a forma como ele brinca no playground e o que ouve nos Evangelhos.

Cada semana nós fazemos a lição de casa juntos, a família toda, e ponderamos sobre questões tais como: “Como seria a história do Bom Samaritano se tivesse acontecido em sua escola?” E “Por que todos nós deixamos de ajudar nossos vizinhos, às vezes?”

Estamos muito gratos por termos encontrado um programa que tem uma bela mistura de teologia, alegria, comunidade e rito.

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Catherine Brunell é o autora de “Tornar-se católico, de novo” publicado pela Loyola Press.
Tem mestrado em ministério pastoral pelo Boston College e vive em Natick, Massachusetts,
com seus quatro filhos e marido.

5 dicas para a criação de um programa baseado em artes

  •  Um programa de catequese baseado nas artes deve ser ancorado na criatividade. O produto final não é o que importa, o processo é o objetivo.

  • Um programa de catequese baseado em artes deve ter um forte apoio do pároco e dos catequistas. É fácil para uma pessoa de fora pressupor que as crianças não estão aprendendo, mas somente se divertindo. O apoio do pároco e sua fé no programa é fundamental pra debelar qualquer tentativa de descredito.

  • Um programa baseado em artes destinado a várias faixas etárias só se estabelece com base no comprometimento das famílias. Os pais devem estar envolvidos, garantindo que as crianças estejam presentes às aulas, em dia com as lições de casa, bem como ativos como voluntários.

  • O espaço é fundamental. A comunidade e o organizador do programa devem tentar encontrar um espaço que acomode todas as famílias, mas que permita, também, espaço para reunião de pequenos grupos para discussões temáticas e trabalho nas diferentes artes sem que um grupo importune o outro.

  • A experiência de oração não pode ser esquecida. Haverá corrida contra o tempo, o desafio de manter o foco das crianças, além da programação de cada família, mas as aulas devem começar e terminar com uma oração (formal, ou através de alguma música, coreografia espontânea, etc.)

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