13 maio O QUE É OPA?
AUTORIA: Padre Irala e Robertinho Mesquita Ribeiro
OBSERVAÇÃO
O OPA – Oração pela Arte – foi fundado em 1976, pelo padre jesuíta paraguaio Casimiro Irala. O OPA surgiu do TLM (Treinamento de Lideranças Musicais) pela visão de Pe Irala de que a música católica precisava de renovação. Com tantos talentos musicais existentes no Brasil, era necessário e importante que a juventude focasse mais esses talentos para a religião, sobretudo para a liturgia.
Com o tempo, associando às mensagens das músicas, Pe Irala começou a incentivar a fotografia. Desta forma, na medida em que as músicas eram tocadas, as fotografias eram projetadas como slides. Mais tarde, também a dança foi introduzida e, assim, passo a passo, a arte passou a fazer parte da vivência religiosa dos jovens.
Hoje, mais de 30 anos depois de sua fundação, sentimos a necessidade de falar do OPA com o objetivo de disseminar seu significado, seu carisma e sua tecnologia.
Nada melhor para começar a falar do OPA do que pelo significado de sua sigla: ORAÇÃO pela ARTE. Obviamente, ao pensarmos em oração, imediatamente nos remetemos ao encontro com Deus. Em paralelo, ao pensarmos em arte, resgatamos os talentos humanos de recriar a realidade, a partir das diversas possibilidades que extrapolam o racional.
A oração e a arte nos fazem transcender o óbvio, o que está na cara, o que todo mundo pode ver. Ambas nos fazem ganhar “óculos novos” diante da vida !
A oração e a arte despertam emoções novas em nossos corações, possibilitando-nos, ao mesmo tempo, experimentar os limites de nossa pequenez e ousar o infinito que também nos constitui.
A oração e a arte evocam o “belo” e nos instigam a colocar nossos dons a serviço da transformação da realidade.
Apesar de parecer óbvio, vale lembrar que se não houver oração, não haverá OPA !
Quando fazemos as coisas no automático, a arte pela arte, preocupando-nos apenas em tocar as notas corretas, escrever sem erros gramaticais, escolher os melhores passos para compor uma coreografia, estamos caminhando longe do que é a essência do OPA. Para ser OPA, primeiro tem que vir a oração. O que fazemos tem que ser EM DEUS, POR DEUS e PARA DEUS, sem esquecer a perspectiva de que Deus habita em cada um de nós. Isso é o básico e o mais importante ! É da oração que nasce a criação. É da oração que brota o desejo de nos integrar para trabalharmos juntos no projeto dEle. É da oração que vem a força, a coragem e a perseverança que nos faz vencer desafios, superar obstáculos e nos determinar a ir aonde for preciso, fazer o que for necessário para que a Palavra chegue a todos os corações.
Quando falamos em oração falamos em sintonia, em encontro com Deus, falamos em silêncio, em intimidade, em contemplação… E falamos também em estudo. Só amamos o que conhecemos e não há como pensar em encontro com Deus sem pensar em amor. E não há como pensar em amor a Deus se não soubermos quem é o Deus que amamos. Para isso, precisamos ler a bíblia, precisamos ler textos que nos trazem informações enriquecedoras, precisamos ouvir pessoas que tem tanto a nos ensinar, precisamos ter tempo para parar e ouvir o que Ele nos diz nas entrelinhas e enxergar os sinais que Ele nos aponta em nosso dia-a-dia. Isso tudo não apenas na perspectiva “religiosa” mas considerando a amplitude de tudo o que temos a aprender e a crescer como PESSOAS.
Sem oração, não existe OPA ! Está claro ! Mas…e se não houver arte ? A arte faz parte do que somos, não dá também para pensar o OPA sem arte. E assim pensamos a arte como a forma que temos de colocar nossos dons a serviço. No OPA, nossa missão é exercitar nossos dons, então, não vale ficar só na oração contemplativa, só no silêncio, só na meditação. É preciso transformar isso em ação e ação, para nós, é justamente fazer da arte o caminho de se chegar ao coração das pessoas, de passar para as pessoas que existe um Deus que é puro amor, que tem um projeto para um Mundo Novo e nos chama a ser co-criadores deste mundo e responsáveis por ele.
Dito isso, podemos seguir adiante, lembrando que a essência primeira do OPA é ser um ENCONTRO. Essa afirmativa é bem mais profunda do que nos parece à primeira vista, mas vamos por partes:
OS ENCONTROS DO OPA
Os encontros do OPA estão totalmente pautados em seus três ideais: a criatividade, a integração e a comunicação. Justamente por isso, sempre iniciamos as nossas atividades com o sinal da cruz, que é a oração que evoca a Trindade e nos lembra o “por quê” e o “para quê” estamos fazendo o encontro.
Com o sinal da cruz, resgatamos a consciência de que:
- Somos herdeiros do Deus-Pai Criador de todas as coisas, que nos fez criaturas criativas com o compromisso de re-inventar a história a todo momento, no sentido de transformar o que precisa ser transformado para que vivamos a experiência do Reino aqui e agora.
- Integrados a Jesus Cristo, tornamo-nos “agentes integradores”, responsáveis por viver a Palavra e seguir o exemplo que Ele nos deixou. Vivendo o amor em seu sentido mais pleno, somos capazes de integrar luz e sombra, masculino e feminino, jovens, adultos e crianças, pobres e ricos, enfim, tudo o que é “diferente” e traz, nas diferenças (e por vezes, até no antagonismo), a riqueza da diversidade.
- Inspirados pelo Espírito Santo, fazemo-nos instrumentos dEle, comprometidos em nos deixar levar por Seu sopro para que possamos ir aonde for preciso ir, fazer o que for preciso fazer, compreendendo a vontade dEle, comunicando a Palavra e usando nossos dons para evangelizar.
Quando começamos a “respirar” esses três ideais, compreendemos melhor a “liberdade” que rege o encontro do OPA: a flexibilidade dos horários, a participação de todos, as lideranças voluntárias, o esquema aberto que não obriga ninguém a nada mas faz com que nos demos conta da responsabilidade inerente a esta liberdade. Somos, ao mesmo tempo, livres e responsáveis por fazer o encontro acontecer e colher os frutos nascidos das sementes que nós mesmos semeamos (ou por sentir a frustração de perder a oportunidade de viver uma experiência nova e revigorante). Tudo vai depender de nosso desejo e de nosso trabalho, de nosso envolvimento e de nossa sintonia, de nossa disponibilidade.
O TEMA
O fio condutor do encontro do OPA é o tema. Na medida em que o tema é escolhido e divulgado (normalmente a escolha é feita pelas pessoas que já fazem parte do OPA, com a orientação de Pe Irala), todos os que pretendem fazer o encontro devem procurar meios de estudar o tema proposto, refletindo sobre o que ele significa para si, estabelecendo relações com a realidade, com a espiritualidade, com a experiência de vida cristã e tantas quantas forem as relações possíveis de se estabelecer, de forma a sentir o tema pulsando por dentro como a ave que quer quebrar a casca do ovo para ganhar os céus.
É importante ressaltar que o estudo é fundamental para a qualidade e profundidade do encontro e deve, sempre que possível, ser anterior aos dias em que o encontro acontece.
No(s) dia(s) do encontro, o momento é de desaguar o que foi aprendido e sentido, refletido e meditado durante o tempo de preparação.
A ESTRUTURA DO ENCONTRO
O primeiro momento do encontro é sempre um despertar para o tema, pode ser uma reflexão do tipo “palestra”, pode ser já uma oração com arte preparada previamente pela equipe de coordenação, importa que atinja o objetivo de trazer as pessoas para viver a experiência de já começar a mergulhar na proposta do encontro.
A partir deste momento são divididos os grupos de arte. Aqui é muito importante lembrar que para fazer parte do OPA não é preciso ser artista, mas, sim, encontrar na arte, um caminho de chegar a Deus, ou melhor, de se sentir EM Deus. Assim, cada pessoa escolhe a arte que a faz rezar e colocar seus dons a serviço, pois não basta que cada um reze para si, é importante não perder a perspectiva do outro, nossa arte precisa ser evangelizadora, ou seja, precisa fazer outras pessoas também rezarem a partir do que veem, ouvem e sentem.
Os principais grupos de arte são:
- música;
- dança;
- teatro;
- fotografia / multimídia;
- palavra
- artes plásticas;
- Ropa (costumização, figurino, corte e costura)
A depender das pessoas presentes, esses grupos acontecem ou não. Se houver um número muito pequeno de pessoas num grupo específico, ele pode acontecer com esse número reduzido, pode ser suprimido ou pode se juntar a outro, tudo de acordo com o que for sentido pelas pessoas.
O primeiro passo do trabalho dos grupos depois de reunidos é a partilha: trocar experiências sobre o que foi estudado e refletido sobre o tema até então. Após essa partilha que é um dos momentos mais ricos do encontro, porque é o que traz o fundamento do que será criado, começa o processo criativo em si. Cada um traz idéias e essas ideias vão se juntando e compondo a expressão daquela arte. Na medida em que a expressão (uma música, dança, peça de teatro etc) vai se formando, os ensaios começam. O criar, o fazer, o meditar o tema, o rezar caminham juntos durante todo o processo. E é durante todo esse processo que se pode sentir fortemente os três ideais do OPA:
- a criatividade: as pessoas muitas vezes se surpreendem com o que são capazes de fazer, principalmente, de fazer JUNTAS;
- a integração: tudo só acontece a partir do acolhimento de todos, quando a diversidade do grupo vai se configurando em unidade;
- a comunicação: vive-se plenamente a “arte” de se comunicar, sendo necessário não só saber “o que” e “como” falar mas, sobretudo, exercitar o ouvir. Além disso, tudo o que é feito tem sempre a perspectiva de evangelizar, de levar o outro a rezar junto. As criações não se fecham em si mas trazem a intenção de transmitir a mensagem e contagiar.
No decorrer do encontro, os grupos trabalham e apresentam para o grupão o que foi preparado. Normalmente, essas apresentações acontecem nos plenários.
O PLENÁRIO
Chamamos PLENÁRIO, o momento em que todos os participantes se reúnem. Reunimo-nos para cantar, aprender as músicas e ensaiá-las; reunimo-nos para ouvir algumas dicas que o orientador do encontro tem a dar no sentido de ajudar a direcionar o tema ou esclarecer dúvidas; e reunimo-nos para viver a oração preparada por cada grupo. Normalmente, é nos plenários que cada grupo apresenta o resultado de tudo o que foi meditado e conversado, que se transforma na oração de todos.
Após cada apresentação/oração existe o que chamamos de RESSONÂNCIA.
AS RESSONÂNCIAS
A ressonância é o momento em que verbalizamos o que sentimos com a oração vivida. Por exemplo: o grupo de música apresenta uma música. Na ressonância, as pessoas vão dizer o que mais tocou naquela música, o que fez com que rezasse, o que sentiu etc. Não é uma análise técnica, racional, apesar de que, nesses momentos possam ser dadas algumas dicas para o aperfeiçoamento da obra apresentada. Entretanto, muito mais do que a visão de arte, na ressonância partilhamos os nossos sentimentos em relação à experiência da oração através da arte. É, acima de tudo, um momento de comunhão, de crescimento mútuo, de “ruminar” o que aconteceu com cada pessoa a partir daquela vivência.
Pode acontecer de haver uma ressonância em que o silêncio se instaure e isso não deve ser compreendido como indiferença, nem é necessário que se fale qualquer coisa para preencher o vazio que fica. Pelo contrário, é importante compreender esse silêncio como “a voz do que não pode ser dito”, do que vai além das palavras. Acontece da oração ter tocado tão profundamente as pessoas que elas ficam sem saber o que dizer, ou melhor, que elas sentem que não há o que dizer.
POSSIBILIDADES DE ENCONTRO
Como o OPA parte da criatividade e da integração, ele tem a sua linha mestra – que é o que estamos expondo aqui – mas pode ter formatos diversos, a depender das pessoas que vão participar, da comunidade envolvida etc.
Existem os OPAs de 1 dia, encontros de final de semana que envolvem uma ou mais paróquias, os encontros Regionais e o Nacional.
OPAs de 1 dia: São encontros que seguem a dinâmica exposta acima: explicação do tema + divisão em grupos de arte + plenários + celebração final, sendo que tudo isso num único dia. Devido à dificuldade de muitas pessoas em dispor de um final de semana inteiro e com o objetivo de fazer as pessoas sentirem “o gostinho” do que é o OPA, criou-se esse tipo de encontro.
Encontros de final de semana: esses encontros podem ser de uma paróquia específica, de pessoas de uma mesma cidade assim como regionais. Nesse tipo de encontro, pode-se aprofundar mais o tema e os grupos podem criar mais de um trabalho ou focar num único, dentro de uma proposta mais elaborada. Neste caso, há dois ou três plenários por dia. O encontro começa na sexta-feira à noite e termina no domingo à tarde.
Encontro Nacional: Acontece uma vez por ano, normalmente no mês de janeiro, e é a oportunidade de reunir pessoas do OPA de diversas localidades. O Nacional é um encontro de dez dias, sendo o primeiro final de semana o que chamamos “turismo” que é a oportunidade de conhecer a cidade que sedia o encontro e rezar em seus pontos turísticos. Nos outros dias, o encontro segue a mesma dinâmica e por ser um encontro mais longo, permite um mergulho maior no tema. Uma das maiores riquezas do encontro Nacional é a possibilidade de pessoas de diversas localidades, muitas que nem se conhecem, conseguirem se integrar e criar juntas, falando a mesma linguagem, independente de seus sotaques.
Atualmente, o OPA existe em Salvador, Recife, Teresina, Belo Horizonte, Varginha, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Bauru e Curitiba. Além de estar presente em outros países da América Latina como o Paraguai, Equador e Bolívia. Há pessoas do OPA morando em outros continentes e que levam, através de sua profissão, de suas atividades, a “tecnologia” do OPA para onde estão: Boston (USA), Alemanha, França etc.
O OPA como grande ENCONTRO
Quando no início do texto comentamos que o OPA é um encontro e que dizer isso era muito mais profundo do que se podia imaginar, é porque uma vez interiorizando a proposta do OPA, começamos a abstrair dela um sentido maior e somos capazes de trazê-la para nossa vida como um todo.
Trazendo os ideais de criatividade, integração e comunicação EM DEUS, POR DEUS e PARA DEUS para nossas vidas, passamos a encarar nossa existência sob uma nova perspectiva.
- ENCONTRO COM NOSSO PRÓPRIO EU: somos capazes de “nos” olhar com novos olhos e recriar nossa própria vida. De frente com nossos limites, com o que precisamos melhorar, despertamos a criatividade de nos transformar em pessoas melhores. Imperfeitas, sim, mas com potencial de crescer e, em Deus, se deixar lapidar.
- ENCONTRO COM O OUTRO: não podemos mais encarar os outros da mesma maneira depois de experimentarmos a alegria de estarmos integrados, respeitando nossas diferenças e crescendo com elas. Esse sentimento se expande para a vida de cada um e, seja no trabalho, na escola, na família, vamos, dia-a-dia, aprendendo a nos ver como “peças” de um grande quebra-cabeças que é infinitamente mais bonito quando está completo. Podemos ter dons preciosíssimos mas juntos, sempre somos melhores ! Quando nos damos conta, percebemos que tornamos real a possibilidade de ser “uma grande família”. Família que tem seus conflitos, que têm suas diferenças mas que, acima de tudo, possui laços que transcendem as “coisas do mundo”. E pensando no “outro” na dimensão da sociedade, percebemo-nos parte dela e, consequentemente, comprometidos em fazer deste mundo, um lugar melhor para se viver.
- ENCONTRO COM DEUS: Uma vez mergulhados no amor desse Pai que nos ama e que mandou Seu Filho para viver e morrer por nós, nunca mais somos os mesmos. O Deus que amamos é, ao mesmo tempo, aquele que nos toca e acolhe e aquele que nos impulsiona a ser missionários. Quando nos sentimos em oração cantando uma música, olhando uma tela, lendo uma poesia, somos capazes de perceber a presença de Deus de uma forma muito mais intensa. Parece que nosso coração ganha sensores capazes de captar os “sinais” dEle a cada instante de nossas vidas, onde quer que estejamos. É assim que passamos a viver em oração.
Quando, ainda que como eternos aprendizes, nos damos conta dessas três dimensões de encontro, sobre as bases desses três ideais, é que dizemos que não mais “fazemos parte” do OPA ou participamos do OPA mas passamos, sim, a viver o OPA, a SER OPA.
Ser OPA
Quando somos OPA:
- transformamos tudo o que “recebemos” do mundo em “energia criativa”. Não reproduzimos o que nos chega de forma automática mas temos uma postura crítica diante da realidade;
- colocamos sempre nossos dons a serviço de Deus e, por consequência, da humanidade. Não nos omitimos e buscamos aprender com nossos próprios erros;
- trazemos a certeza de que precisamos uns dos outros e, por isso, nãos nos fechamos em nossas verdades e seguimos aprendendo a flexibilizar, a dialogar, a trocar;
- sabemos que quanto mais nos doamos, quanto mais nos disponibilizamos a “ir aonde o povo está”, mais aprendemos, mais sentimos “ a graça de Deus” tomar conta de nossos corações;
- estamos comprometidos a não apenas “apresentar o que produzimos” mas a “chegar junto” das pessoas, estimulando-as a desenvolver o potencial que têm e, inspiradas em Deus serem, efetivamente, instrumentos vivos de paz.
- temos coragem de entrar no mundo outro, ensinar o que sabemos e aprender o que tem a nos ensinar, com humildade;
- tornamo-nos evangelizadores, por essência. Vivemos impulsionados pelo desejo de espalhar a Palavra e contagiar as pessoas com a alegria que nasce quando experimentamos o Sagrado em nosso dia-a-dia;
- acreditamos que toda diferença enriquece e por isso vivemos imbuídos do desejo de sempre respeitar os diferentes… e crescer com eles;
- alimentamo-nos de oração e ganhamos força para superar obstáculos aparentemente intransponíveis, reconhecendo que nossas limitações e as dores que nos chegam são possíveis de ser superadas e re-significadas EM DEUS;
- Permitimo-nos ser “metamorfoses ambulantes” com raízes na Trindade que nos sustenta e com asas na vida que nos presenteia sempre com novas possibilidades de ser e de viver.
Missão no mundo
Num mundo em que pouco se investe na educação, sobretudo quando pensamos educação sob a perspectiva de despertar consciências, percebemos que o OPA contribui muito na formação das pessoas, fornecendo elementos que a educação formal não dá: atenção à sensibilidade, à descontração, à riqueza dos detalhes, ao humanos escondido atrás dos botões.
O texto “O Futuro do OPA”, escrito por Pe Irala e por Roberto Mesquita Ribeiro em janeiro de 2008, nos ajuda a refletir sobre a missão do OPA quando diz:
“Quando decidimos participar do OPA, recebemos ao mesmo tempo uma missão. Quanto mais nos sentimos em sintonia com nossos ideais de criatividade, integração e comunicação, mais somos responsáveis por nosso carisma, que é original, não pelo que se trata das coisas que acreditamos (ortodoxia) mas pelo fato de nós fazermos isso (ortopraxis).
No entanto, pela incrível quantidade de mudanças em nosso tempo e pela sua incrível velocidade, devemos estar atentos a deixar o Espírito conduzir nossos passos. Nós sabemos o que queremos: melhorar o mundo; e para isso devemos sempre discernir o que faremos.”
Ao nos posicionar diante do mundo dizendo que estamos nele mas não somos dele, comprometemo-nos definitivamente com as coisas do Pai. São delas que queremos cuidar, são elas que queremos ter como essência, é por elas que queremos viver, trabalhar e ser igreja.
Comprometidos com o projeto de Deus, passamos a incluir em nossa experiência de vida, três características básicas, sem as quais não podemos nos denominar OPA: a amizade, a perseverança e a família. Valores que precisamos manter vivos e vibrantes em nossas vidas, minuto a minuto, para que sejamos capazes de comungar discurso e comportamento, desejo e atitude, oração e ação.
Instrumentos de Deus, pela arte, na oração:
- Ainda que tenhamos a voz mais afinada e cantemos as músicas mais bonitas, se não cantarmos com amor, anunciando “o encanto das coisas que Deus quer falar”, de nada vale!
- Ainda que saibamos ler partituras e nossos dedos deslizem pelas cordas do violão, do teclado, do violino, se não tocarmos com amor, na melodia que leva à sintonia com Deus, de nada vale!
- Ainda que nossos corpos respondam harmonicamente ao que ansiamos expressar, ainda que conheçamos a técnica, os “pliés” e “arabesques”, se não dançarmos com amor, como quem baila pela alegria da presença de Deus em nossas vidas, de nada vale !
- Ainda que escrevamos crônicas, contos, poesias, que conheçamos a gramática, a fonética, a sintaxe, a métrica, se não escrevermos com amor, inspirando a Palavra de Deus e inspirando-nos na Palavra de Deus, de nada vale !
- Ainda que representemos qualquer papel no teatro, que atuemos em comédia ou em drama, que nos insiramos em qualquer trama, se não atuarmos com amor, assumindo nosso papel na sociedade, sendo instrumento de alegria e esperança, de nada vale !
- Ainda que pintemos os quadros mais bonitos, que façamos esculturas em madeira, metal ou argila, se não pintarmos ou esculpirmos com amor, buscando colorir a vida das pessoas e permitindo que elas contemplem o belo que nasce de Deus, de nada vale!
- Ainda que costuremos e otimizemos peças usando toda nossa criatividade, que bordemos pontos em toda sua variedade, se não costurarmos com amor, doando-nos a cada alinhavo como quem ousa viver além dos remendos que a sociedade nos impõe, de nada vale !
- Ainda que fotografemos no melhor ângulo e encontremos o melhor foco, se não fotografarmos com amor, tendo olhos para ver o que precisa ser visto, enxergando e registrando as marcas de Deus nas coisas do dia-a-dia, de nada vale !
- Ainda que conheçamos a mídia, o vídeo, a lógica da programação, ainda que façamos mixagem, gravações e tenhamos os melhores equipamentos, se não produzirmos com amor, valorizando o que precisa ser valorizado, falando a linguagem que o povo entende, de nada vale !
- Ainda que sejamos os artistas mais talentosos, se não tivermos humildade e não fizermos da arte, o caminho para humanizar o ser humano que é ser de Deus, de nada vale !
- Ainda que participemos do OPA há 1, 2, 10 anos, se não vivermos os ideais da criatividade, da integração e da comunicação em nosso dia-a-dia e não utilizarmos nossos dons para evangelizar, de nada vale !
- O amor cria e multiplica. E a arte precisa estar a serviço do amor!
- O amor integra. E a arte precisa estar a serviço do amo !
- O amor é relação, é comunicação, é entrega, é partilha. E a arte precisa estar a serviço do amor!
Deus é O AMOR que cria, integra e se entrega em partilha. E nós queremos que a nossa arte esteja a serviço de Deus.
Palavra final:
“Somos caminhantes das fronteiras. Apreciamos a beleza de nossa paisagem interior, que comunicamos aos que não a conhecem. E admiramos os horizontes infinitos, e tentamos dividir nosso entusiasmo com os nossos irmãos.
Nem sempre somos compreendidos, mas pedimos a graça de sermos humildes. Nem sempre compreendemos, mas pedimos humildemente a graça da sabedoria.
A palavra do futuro é discernimento.”
Pe Irala e Roberto Mesquita Ribeiro
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