OPA NAC 2016 – dia 24-01

OPA NAC 2016 – dia 24-01

37º OPA NACIONAL

Domingo. Último dia. A missa de encerramento foi celebrada às 11h e o Encontro foi dado como encerrado com o almoço. Não temos tempo para mais nada.

Só que não!

Ainda tivemos tempo para um plenário recheado. Irmão Epifânio apresentou sua poesia, demonstrando como se sentiu acolhido durante o Nacional. Nossos amigos de Goiânia se mostraram bem animados a levar o OPA para sua cidade. Nana Azeredo e Clarinha Bernardes fizeram sua oração de despedida a partir das famílias presentes, unindo todos ao som de SÊ UM e texto de Duda Azeredo ao final (veja vídeo abaixo).
Dinho (quem mais seria?) e o Opinha mostraram a sua criação coletiva, a música em que ele reclama: SOU CRIANÇA SIM (vídeo abaixo).
Rita Della Rocca, fez um trabalho de artes plásticas, um Coração e sua oração em texto, muito profundo, “A dualidade primeira dividida… e o verbo se faz coração”. Foi apresentado também o vídeo feito durante o OPA regional de Salvador, em 2013 em homenagem a Maria Célia, dizendo do carinho e saudades de todos, pois ela, doente, não tem conseguido mais ir aos encontros.
Ainda deu tempo de mostrar o vídeo que Geraldo Cintra montou com fotos produzidas durante o Encontro ao som de SALVE A NATUREZA HUMANA (vídeo abaixo), encomendado por Irala ao grupo de fotografia logo nos primeiros dias. Aliás, com raras e justificadas exceções, todas as imagens utilizadas durante o Encontro foram inéditas, criadas nesse Nacional.

O ponto alto foi a apresentação da versão preliminar do Auto das Quatro Estações, mais uma obra das diversas artes integradas, a partir de discussão liderada por Robertinho e Thiago Lucas. Com base na parábola do filho pródigo, o Auto discute o perdão, relacionando-o com as quatro estações do ano. Lindo trabalho de música, dança, texto e imagem, que ainda vai dar muito que falar (Vídeo abaixo).

Durante a missa de encerramento, com toda sua carga de emoção, as crianças levaram ramalhetes de rosas de papel para o celebrante, que, emocionado, as deixou junto ao altar e posteriormente as restituiu com sua bênção. Na ação de graças os rapazes também reapresentaram sua oração partilhada na noite anterior. Mesmo sem a surpresa e o escuro, o impacto ainda foi muito grande.

Almoço e, agora sim, as despedidas. Agora cada um volta para o seu cotidiano e vamos absorver aos poucos toda essa energia, durante um ano.

E A GENTE OPA SE ENCONTRA EM BRASÍLIA 2017.

Até lá. E que Deus seja tudo em todos.

AUTO DAS QUATRO ESTACÕES DO PERDÃO

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INVERNO
É noite, pesa uma montanha em meus ombros
Cavei, caverna, um túmulo, meu próprio breu
Escureceu, a luz se foi para sempre, fatal
As dores, as vozes, lembranças de um mundo antigo
Que foi, que precisa ir, uma montanha de remorsos
De sonhos que vão minguando, ou já se foram
E relações, e projetos, e desejos, e viagens, e caminhos
Choveu, esfriou, inundou, alagou, infiltrou, encheu
Lama, o começo de tudo, ou o fim, que fim
O princípio de tudo volta pra fazer morrer
Pra fazer nascer, se tinha que dar errado, deu
Danou-se, já era, partiu, morreu mais uma vez
E era preciso morrer, e aceitar o futuro, não vê
Aceitar a passagem, afiar a faca, alinhar a meta
Inconscientemente na cruz, sereno, sem pressa
Premissa, promessa, o princípio de tudo
Conscientemente nu, exposto, entregue
Já se perdeu o perdido, já se rompeu o partido
Uma luz no fim do túnel, agora, um brilho
Tentei, não deu, provei, errei, feriu, doeu, já foi
Agora ficou o aprendido, talvez, se foi entendido
Memória, gravada, latente, presente, leve
Curando, vencendo, tá tudo enterrado,
Faltou cuidado, bem sei, ficou, e vamos pra frente
Féretro, o princípio de tudo, ou não, passou

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PRIMAVERA
Passou. Saí. Ver o que sobrou, o resto
Vazei, esgotei, usei até o final, esvaziou
A divisão não exata das parcelas, o resto
Um novo começo. Estrada, abri outra conta
Pra fazer um dobrado, crescer, multiplicar
Um mundo, possíveis, sequer esperados
E livres, e novos, e sempre brotando
Olhando de novo, os cacos, o resto
Dormir ao relento, ainda, passando
Resfriado e sereno, brisa, passando,
Preparando a subida, a trilha, a via
A circulação dos sentidos, sementes
Preparando o futuro, trabalho, sementes
Terrenos e planos latentes, as frentes
Anseios, ancinhos e sonhos, virando.
Mexer, cutucar, tonificar, sorver
Adoçar, salgar, saturar, verter
Saborear, cuidar, regar, prover
Fecundar, gerar, nascer, desenvolver
Aceitar, conhecer, deslanchar, surpreender
Perdoar-se, abrir-se, permitir-se, assumir-se
Humanizar-se, perder-se, dimensionar-se. Salvo.

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VERAO
Sombra. O meio do dia queimando.
Trégua. O meio da vida ardendo.
Forja. Martelo batendo no ferro.
Pedra. Marcado pra sempre na fronte.
Flama. Sinal de batalhas passadas.
Poros. Suor escorrendo no corpo.
Fera. O fogo ardendo por dentro.
Corro até os extremos dos quatro pontos cardeais
Saltando por todas as fendas da terra sob meus pés
Feito uma onça no sertão que jamais acaba
Inebriado do sentido de uma vida nova nas veias
Que me acende o desejo de avançar e expurgar lembranças
E ao mesmo tempo explorar as possibilidades do novo
Liberto. O pólem da flor da maçã.
Incerto. Ciente dos riscos do mar.
Aberto. Disposto a lutar pela alma.
Prudente. Capaz de parar quando devo.
Humilde. Mestre em ser aprendiz.
Maduro. No passo sem pressa da vida.

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OUTONO
É tarde. A montanha inteira sob meus pés marcados
Sou fruto dos frutos que nos foram dados, verdade
Uma liberdade crescendo por dentro e em torno
Um ato de coragem e frágil, pequeno, um fruto
No alto da montanha e pleno, as cores transformando-se, rubro
O sangue nas veias, a vida, o mundo nascendo de novo
O princípio de tudo, perdão fluindo de dentro, do meio, do alto
Água. A fonte brotando da pedra. Batismo.
O peito aberto na cruz, passagem para um outro ciclo
Envolto numa dimensão maior do todo, do ser
O que foi criado e o que vem, o futuro, a liberdade de Deus
Pra surpreender o que é, os inesperados da vida
As folhas caindo na terra, os frutos, as flores virando presente
Promessas. Perdão cultivado na vida. O fruto.
E a volta ao começo. A tênue linha do equilíbrio.
A fraqueza da carne, o barro das origens
A busca incessante de leveza, de aprender dos tropeços
E aceitar-se filho, pródigo, herdeiro do Reino, pequenino
Portador de um dom, de um projeto, de um templo
Um sinal de esperança, talento, um brilho,
Que mesmo decaído, de novo, no ventre da terra
Espera, e sabe-se herdeiro do Reino e, filho, ao pai torna.

Slideshow - SALVE A NATUREZA HUMANA

OPINHA - Sou criança, sim

AUTO DAS 4 ESTAÇÕES DO PERDÃO

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